Atualmente, as diretrizes para que os profissionais realizem o diagnóstico de autismo de maneira confiável são bastante claras, se comparadas ao que havia na literatura sobre o assunto há algumas décadas. Abaixo estão alguns marcos importantes no diagnóstico do autismo.
1943
Leo Kanner descreveu o autismo infantil a partir da observação de 11 crianças que apresentavam: (1) problemas severos nas interações sociais e (2) resistência à mudança, persistência em um mesmo padrão e estereotipias.
1944
Hans Asperger descreveu meninos que apresentavam dificuldades sociais acentuadas, interesses circunscritos incomuns e boas habilidades verbais.
1978
Michael Rutter propôs uma definição de autismo baseada nos desvios no desenvolvimento de habilidades sociais e de linguagem, para além do esperado para a etapa do desenvolvimento da criança, além de comportamentos repetitivos e interesses restritos, todas essas características com início na primeira infância.
1978
A American National Society for Autist Children (NSAC) propôs uma definição de autismo similar à de Michael Rutter e adicionou a hipo ou a hiper-reatividade a estímulos sensoriais em sua definição.
1980
A Associação Americana de Psiquiatria (APA) publicou a terceira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-III) e incluiu o autismo como uma classe completamente nova de condições dentro da categoria diagnóstica de Transtornos Pervasivos do Desenvolvimento (PDD).
1992
A décima edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) da Organização Mundial de Saúde (ONU) inclui o autismo como um transtorno e reconheceu outros transtornos, como a Síndrome de Asperger, o Transtorno de Rett e o Transtorno Desintegrativo da Infância.
1994
O DSM-IV definiu novos critérios para o autismo, dentre eles a presença de: (1) prejuízos nas interações sociais recíprocas, (2) prejuízos na comunicação e (3) interesses restritos, resistência à mudança e movimentos estereotipados. Incluiu também a Síndrome de Asperger, para abranger pessoas com autismo com boas habilidades funcionais.
2013
O DSM-V propôs o Transtorno do Espectro Autista (TEA), cujos sintomas centrais são: (1) déficits na comunicação e na interação social e (2) Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. No DSM-V, os níveis de severidade têm como base o suporte necessário para que a pessoa realize suas atividades diárias. O DSM-V ainda inclui especificadores para a coocorrência de outros transtornos, incluindo a deficiência intelectual, os transtornos de linguagem e as condições médicas ou psiquiátricas.
2022
A CID 11 segue o que foi proposto no DSM-V, adotando a nomenclatura Transtorno do Espectro do Autismo. No entanto, diferentemente do DSM-V, a deficiência intelectual, o comprometimento da linguagem funcional e a coocorrência de condições médicas ou psiquiátricas não são especificadores, e sim, são utilizados para definir os subtipos do Transtorno do Espectro do Autismo.
Fontes:
https://link.springer.com/article/10.1007/s10803-021-04904-1
https://autismoerealidade.org.br/2022/01/14/tea-na-cid-11-o-que-muda/