A ABA é uma ciência. E o que é ciência?

A Análise do Comportamento Aplicada – ABA – é uma disciplina que utiliza os métodos da ciência para compreender e aprimorar o comportamento humano.

Cooper, Heron e Heward (2020)

A maior parte dos profissionais que trabalha com ABA sabe ou já ouviu dizer que a ABA é uma ciência. Mas, afinal, o que é ciência?

Todas as disciplinas consideradas científicas possuem em comum um objeto ou fenômeno de interesse e um método de investigação a partir do qual se busca conhecimento acerca desse objeto.

A investigação científica possui um conjunto de postulados que norteia o trabalho do cientista. São eles: (1) determinismo, (2) empiricismo, (3) parcimônia, (4) manipulação científica e (5) questionamento filosófico.

O determinismo pressupõe que o mundo não é um lugar desordenado, ou seja, que existe uma ordem norteando a ocorrência dos fenômenos no mundo. Por exemplo, de acordo com o determinismo, doenças como o câncer ou a depressão não são fenômenos aleatórios que acontecem desprovidos de causas. E, sendo assim, cabe aos cientistas investigarem as possíveis causas associadas à existência dessas doenças.

O empirismo é a prática da observação objetiva, baseada na descrição precisa e da quantificação do fenômeno de interesse. Assim, todas as disciplinas consideradas ciências rejeitam a especulação, a opinião pessoal ou o senso comum como forma de se conhecer um dado fenômeno. No campo da psicologia, é usual que as pessoas recorreram ao senso comum como forma de explicar dados fenômenos como a ansiedade, a bulimia, ou mesmo um fenômeno tão complexo quanto o suicídio. No entanto, cientificamente, não é possível determinar as causas de fenômenos psicológicos complexos se recorrendo ao senso comum.

A parcimônia requer buscar por causas simples e lógicas envolvidas na manifestação de um dado fenômeno, antes de se considerar explicações mais abstratas ou complexas. Por exemplo, antes de se atribuir causas psicológicas a um quadro de enurese infantil, é importante riscar a hipótese de que isso seja decorrência de uma disfunção de ordem orgânica.

A manipulação científica decorre do fato que a ciência considera que a manifestação de um dado fenômeno mantém estreita relação com a ocorrência de certas variáveis. Por exemplo, as alucinações não são um fenômeno que se manifesta de forma aleatória, e sim, são determinadas por disfunções no sistema nervoso. Assim, a manipulação científica envolve determinar, em ambiente experimentalmente controlado, as relações que existem entre um dado fenômeno e as variáveis que podem estar a ele associadas.

O questionamento filosófico envolve estabelecer uma verdade provisória acerca de um fenômeno, que permite que o fato tomado como verdadeiro seja substituído por outros, conforme novos dados e novos conhecimentos sobre o fenômeno de interesse sejam produzidos. Por exemplo, o autismo foi definido primeiramente como uma forma de esquizofrenia. Conforme os estudos nessa área avançaram, essa definição foi descartada e substituída por outras, considerando o que se sabe cientificamente sobre esse fenômeno atualmente.

Fonte: Cooper, J., Heron, T., & Heward, W. (2020). Applied behavior analysis (3rd ed.). Hoboken, NJ: Pearson Education.